Minha Escola de Sonho
- Lucio Abbondati Junior
- 8 de jan. de 2022
- 2 min de leitura
Se o futuro nasce do que fazemos no presente, como é possível se preparar para ele apenas reproduzindo o que já foi feito?
Em meu trabalho de conclusão de curso para a Faculdade de Produção Cultural na UFF (RJ), no ano de 2001, defendi a aplicabilidade dos jogos de mesa e do brincar como ferramentas culturais, uma tese baseada na experiência prática adquirida através do “Programa Cavalo de Tróia – Conhecimento através do prazer”, desenvolvido por mim e por Lucia nos sete anos em que nosso “Centro Criativo Além da Imaginação” esteve aberto a público. Enquanto selecionava e escrevia o material, deparei-me com um questionamento pessoal de como deveria ser a real natureza de uma escola preparatória para o desconhecido, uma vez que o modelo tradicional, oriundo do período iluminista e de caráter eminentemente conteudista, já não mais atendia os exigentes requisitos do mutável, caótico, tecnológico e virtual século que adentrávamos.
Nossa experiência naquele período tão intenso demonstrou inequivocamente que tentar ministrar conhecimento sem envolvimento, interação, curiosidade e interesse, não frutificava nem preparava para o novo, deixando de propiciar criatividade, adaptabilidade, protagonismo e independência.
Refletindo muito sobre isso, escrevi então este ensaio sobre o dever de uma verdadeira escola, mas que também vale para qualquer pessoa que busque aprimoramento e preparo pessoal (assim como para os seus), para lidar com o mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo em que vivemos:
Minha Escola de Sonho
Minha escola de sonho teria muito da que ensinou Arquimedes em Alexandria, sem tolher-lhe a criatividade;
Teria professores como Sócrates, que deram espaço e voz a alunos como Platão, sem medo de também aprender com seus discípulos o tanto que pretendiam ensinar;
Teria paredes móveis ou transparentes que não limitassem, confinassem ou escondessem o mundo e o viver, pois é neles que cada aluno irá existir;
Minha escola de sonho não ensinaria o que não pudesse mostrar onde se usa; não limitaria o prazer ao horário do recreio e faria da curiosidade a mola mestra do aprendizado. Nela, a teoria sempre estaria subordinada à prática e decorar não seria uma alternativa necessária.
Minha escola de sonho levaria mais em conta o que pensam os alunos e lhes daria espaço para que pudessem brilhar e demonstrar como vêem o mundo.
Teria a criação e a inventividade como principal disciplina, a qual todas as outras matérias estariam subordinadas, pois é do que ainda vai ser criado que o mundo necessita para se reciclar todos os dias e não apenas do que se aprendeu no passado;
Minha escola de sonho teria como matéria primordial, a capacidade de dialogar, propor idéias, refletir e saber lidar com o outro, já que todos os que ali estão, viverão entre outras pessoas;
E finalmente, minha escola de sonho nunca desprezaria o sonho de cada um de seus alunos e professores, pois é deles que o futuro mais se alimenta.
O sonho seria o verdadeiro norte, prumo e meta de minha escola, pois é a única coisa que faz com que pessoas queiram acordar todos os dias de manhã, ávidos para moldar a realidade em que vivem.
Lucio Abbondati Junior
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